Sobre viajar com família, e como somos mais felizes
Sou filha de uma antropóloga com um arquiteto, meu tio é um jornalista comunista exilado durante o regime autoritário, e até onde alcança a minha memória, minha infância era apimentada por debates políticos. Nesse tempo, ainda se tinha notícia das pessoas por cartões-postais, minha mãe se perdia por lugares remotos como a rota da seda, enquanto eu me inspirava nela e fazia conjecturas sobre o meu futuro e um trabalho que me levaria pelo mundo.
Anos depois, eu e Rico começamos a namorar num salto de pára-quedas, selando a promessa de que teríamos uma vida de aventura. Engravidamos da Juju, e nossas viagens se intensificaram, numa segunda promessa de que nossa filha cresceria vendo o mundo com tolerância e respeito às diferenças. Antes só viajávamos nas férias do trabalho, mas então decidimos largar nossos trabalhos, e mudar de vida para viajar mais e mais. Viajar é bom, abre a cabeça, amplia os horizontes, e é uma das nossas trocas mais profundas de amor; é quando ficamos mais juntos, e nesse clima de felicidade: veja aqui para entender bem.

Assim, já na minha barriga, Julia teve a primeira viagem galáctica, numa travessia do Peru à Bolívia, indo de Macchu Picchu ao salar de Uyuni. Muitas outras vieram depois. Hoje Julia tem 12, já foi a mais de 30 países, e troca qualquer consumo por experiência. Juntos, já atravessamos Europa, Ásia e Américas, e um dos lugares mais marcantes que conhecemos foi Bali. Sim, dá pra ir para Bali com crianças (aliás, dá pra ir para qualquer lugar com crianças). E Bali é mágico.
Só para contextualizar um pouco, a Indonésia tem quase 18 mil ilhas, habitadas por uma maioria islâmica. Apenas 3% da população é hindu-budista, e Bali é o epicentro desse movimento. Resumindo bastante, os balineses cultivam os espíritos da natureza e acreditam no Karma: se você está feliz, eu estou feliz; se eu faço o bem, o bem retorna. E assim, tudo fica lindo e maravilhoso. Aqui, as ruas têm cheiro de incenso, há praias incríveis, as melhores ondas do planeta para quem gosta de surfar, o ar está impregnado de espiritualidade e boas energias, a gente mergulha com mantas, entra em contato com a natureza, e o povo é – de longe – o mais afetuoso do planeta. Neste vídeo, a gente mostra um pouco da nossa viagem.

A ilha é enorme, então para circular, recomendamos alugar um carro ou scooter. Kuta e Seminiak são lugares para comer bem, ir a beach clubs, e coisas do gênero. Kuta também é sede de um centro de preservação de tartarugas marinhas, semelhante do nosso Tamar, além de ser a vizinhança do templo Tanah Lot. No templo, localizado no meio do mar, visitantes podem passar por uma cerimônia de limpeza com os monges.
Já na Península Bukit ficam as praias de Uluwatu, Padang e Bingin, os “picos” onde rolam as melhores ondas. Em Uluwatu, aproveite para ir ao templo (mais um!) assistir à cerimônia e ver o pôr-do-sol.

E tire uns dias também para conhecer Ubud, na serra, com aquele horizonte clássico das plantações de arroz. Lá fica ainda o melhor e mais barato mercado de artesanatos da ilha. Outra atração muito bacana de Ubud é o templo dos macacos, que as crianças adoram. Leve bananas! E, se sobrar tempo, aproveite para visitar a Green School, considerada a escola mais verde do planeta, e com uma proposta pedagógica holística que aponta para transformações da consciência. Só periga você querer colocar seus filhos lá e nunca mais ir embora de Bali.

Ah, sim, e bem do ladinho de Bali ficam duas ilhas que valem uns dias a mais de viagem. Nusa Lembongan, locação do filme Comer, Rezar e Amar, tem praias lindas, muito verde, ruas estreitas e sem carros circulando (apenas algumas motos e tuk-tuks) e um point de mantas. Já as Gili Islands são as mais fascinantes e charmosas: boas pousadas, mar cristalino, tartarugas e, para circular, apenas charretes e bicicletas.