São Francisco: a cidade além da ponte vermelha
Tudo parece ser possível na cidade onde a lei não se opõe a quem decida andar nu pelas ruas. Carinhosamente conhecida como San Fran, ela, que tem pouco mais de 800 mil habitantes, seduz quem procura uma metrópole sem preconceitos. Em 2012, foi eleita pela Bloomberg como a melhor cidade para se viver nos Estados Unidos. E também a mais cara!
Os altos preços, no entanto, parecem não assustar os quase 16 milhões de turistas que visitam a cidade anualmente. Muito pelo contrário! Com diárias médias de US$ 162, eles ocupam mais de 79% dos mais de 33 mil quartos disponíveis em 215 hotéis espalhados em toda a cidade. Nem a piada nas meias-canecas de cerâmica vendidas em lojas de souvenir com os dizeres San Francisco was so expensive I could only afford half a cup inibe: o gasto médio diário de um turista por lá é de US$ 240.
Mas quem vai prestar atenção em gastos quando se tem como vista a imponente Golden Gate? Quando fui para lá, foi a primeira coisa que fiz questão de fazer. Como estava de carro (há quem prefira fazer o trajeto de bicicleta), dirigir por ela foi uma emoção e tanto. E, claro, estava chovendo. Tenha sempre um casaco a tiracolo, mesmo nas temporadas mais quentes. A temperatura, que muda toda hora, dificilmente estará acima dos 20ºC. O clima também é seco, então, proteção para os lábios, hidratante para o rosto e umidificador para o nariz dos mais sensíveis.
O primeiro motivo que leva os turistas a visitarem São Francisco é a sua atmosfera e não é para menos. Há uma São Francisco para todo o tipo de pessoa. Bairros nobres como o Union Square, com as melhores lojas do mundo em sua elegante Maiden Lane, as baladas mais famosas e restaurantes premiados, ou o Pacific Heights, com suas lindas mansões vitorianas, dispostas em ladeiras infinitas que mais parecem trilhos de montanha-russa, é um lugar para apreciar uma paisagem privilegiada. Outro ponto que não vai passar despercebido é a Oakland Bay Bridge, tão linda quanto a Golden Gate, porém, menos emblemática. Ela pode ser vista do SoMa (South of Market), um dos bairros em ascensão em São Francisco e reduto dos São Francisco Giants, o time de baseball. Se você curte e, o principal, entende de baseball, pode curtir uma visita ao AT&T Park.
Os piers, ao todo 39, são outra atração muito procurada. Ah, eles não estão na ordem, tá? Na região do Fisherman’s Wharf, um dos meus lugares preferidos de São Francisco, tem o Pier 39, o mais famoso de todos. Não perca o espetáculo dos leões marinhos preguiçosamente espalhados, tomando sol (quando ele aparece, claro). Se gostar, coma um clam chowder (US$ 7), um caldo quente de mariscos servido no sourdough, um pão tipo italiano muito comum por lá. Se preferir petiscos, escolha pelos restaurantes, pois as barracas vendem lula à dorê e camarões empanados frios. 🙁 Quando comer ao ar livre, cuidado com as gaivotas, elas são super malandras e nada tímidas. Ainda no Pier 39, visite a padaria Boudin. Desde 1849, faz pães ao melhor estilo São Francisco, o sourdough, além de outras delícias. O mais legal? Ver os pães sendo transportados por cestinhas em trilhos que se espalham por toda a padaria! Do Wharf parte uma das linhas de bondes de São Francisco. Um passeio imperdível!
Como qualquer grande cidade, São Francisco tem uma vida noturna agitada, mas tudo termina cedo. Bares e casas noturnas fecham lá pelas 2h, mas sempre há uma saída! Escape para a Mission Street ou para o Castro, um bairro muito importante na cidade. Não conhece? Bom, ele é responsável pela fama da cidade em ser a mais GLS dos Estados Unidos. Sua história foi eternizada por Sean Penn em Milk, filme homônimo do grande responsável por tornar o Castro em um reduto seguro para a comunidade gay. Pois bem, é lá onde você pode encontrar agito até altas horas da madrugada em um clima super liberado!
Dirigir por São Francisco é outra dica que recomendo com louvor. A apertada Jefferson Street que se enrola pelo bairro mais marinheiro de todos, até desembocar na iluminada The Embarcadero, com um visual maravilhoso do centro comercial da cidade e da Bay Bridge. Ou até mesmo a rua mais clichê, a famosa Lombard Street, em seus 400 metros com oito curvas sinuosas que devem ser exploradas, em meio a hortênsias de todas as cores, a 8km/h.
São Francisco é assim, ame-a ou deixe-a. No meu caso, certamente, deixei um pedacinho do meu coração espalhado por lá. 🙂
Até mais!
Ana Samadello