Expedia Team, em February 21, 2013

Gastronomia Exótica – Os gostos do Brasil: região Norte

 

A combinação das palavras “exótica” e “culinária” pode causar receio no foodie mais curioso. A imaginação vai longe com a ideia de temperos fortíssimos e ingredientes pouco convencionais, como vísceras de algum animal criado em cativeiro. No entanto, exótico, por definição, é tudo o que se afasta do comum e, quando aplicado à gastronomia, significa se aventurar por descobertas e ensinar nosso paladar a apreciar novas combinações. Não precisamos pensar em culinárias de outros países quando temos o nosso Brasil. De proporções continentais, ele guarda em estados limítrofes como o Acre, Roraima ou Amazonas, aromas e sabores riquíssimos.

Em Roraima, a mistura é resultado da combinação de influências de várias regiões do Brasil e da cultura indígena local, muito comum nos estados do Norte do país. Por lá, ingredientes como o queijo mineiro, o acarajé baiano, o churrasco gaúcho e a maniçoba paraense, um tipo de feijoada feita com folhas de mandioca cozidas com carnes, são bastante comuns. Uma mistura e tanto! Os peixes são amplamente usados por lá, bem como as pimentas, e destaco a jiquitaia, uma farinha de pimentas moídas que tem origem indígena. Além de acostumar o paladar a estes novos sabores, é necessário aprender a falar todas estas novas palavras, não é?

Quem ama tartarugas e sonha em ter uma como bichinho de estimação deverá fechar os olhos (e o nariz) no Acre. A iguaria é muito utilizada em ocasiões especiais e, mais uma vez, a cultura indígena tem um peso considerável nos hábitos alimentares de um povo, pois eles já consumiam a iguaria há muito tempo. O peixe também é muito comum e é servido assado, cozido, guisado, frito e como mais você imaginar. A mandioca, mais uma vez presente, também é muito consumida e, graças à herança árabe (!) que há no Acre, existe até quibe deste ingrediente. Com certeza é um estado com uma linda variedade de pratos para serem provados!

Já o Amazonas detém uma variedade incrivelmente extensa de ingredientes muito interessantes e exóticos para um paladar menos aventureiro. Um prato bastante típico, que você já deve ter escutado falar, é o pato no tucupi, também emblemático no Pará. O tucupi tem um sabor único e, para quem nunca provou, trata-se de um caldo extraído da raiz da mandioca brava – diferente da que consumimos no dia a dia e é chamada de “mansa”, a brava contém ácido cianídrico, ou seja, é venenosa. Para que o caldo seja próprio para o consumo ele é fervido até cinco dias, processo que elimina a substância. Para fechar a combinação deste prato, o jambu, uma verdura que deixa o lábio dormente. Este, certamente, é um prato cheio de experiências inesquecíveis.

Se você vive em São Paulo pode ter a chance de apreciar um pouco de pratos típicos de outros estados brasileiros em restaurantes temáticos. O Mocotó (Av. Ns. do Loreto, 1100 – Vila Medeiros), do talentoso chef Rodrigo Oliveira, é longe e sempre tem fila, mas vale sempre a pena. Prove o sarapatel preparado com miúdos de porco e toucinho (R$ 32,90). O premiado Brasil a Gosto (R. Prof. Azevedo Amaral, 70) é regido pela chef Ana Luiza Trajano, figura superimportante na cena gastronômica brasileira e profunda conhecedora de cozinhas regionais de diversos estados. O melhor de tudo? O restaurante sempre promove festivais com pratos de diversos estados. Vale ficar de olho na programação para fazer uma visita.

 

 

Até mais!

Ana Samadello