Dicas de programas imperdíveis em Amsterdã
Não há dúvidas de que uma viagem para Amsterdã é certeza de programação super eclética. Sim, a cidade tem uma fama liberal, com seus famosos coffee shops e o desinibido Red Light District, onde moças bem pouco vestidas desfilam pelas janelas avermelhadas em busca de clientes. Mas há também museus de primeiríssima qualidade, canais charmosos, uma oferta gastronômica deliciosa e vasta, e um bom humor onipresente. Pense em uma cidade capaz de agradar aos mais diferentes públicos: é lá!
E, por isso, fizemos uma relação de passeios imperdíveis em Amsterdã, especialmente se for a sua primeira vez na cidade. Preste atenção: as dicas estão separadas por temas, mas, em cada uma delas, a gente “dá o macete” de quais as melhores horas para ir, como planejar seu dia e como combinar atrações que estão próximas entre si. Prepare-se para uma inesquecível viagem para Amsterdã.
Chegando na cidade
Minha principal dica seria “perder” o primeiro dia de viagem se ambientando e batendo perna pelo centrinho de Amsterdã, começando pela bela Centraal Station, a estação central de trem, que tem uma arquitetura bem interessante – e o nome é assim mesmo, com dois “a”.
Dali, você começa a se perder nas ruelas, cheias de lojinhas supersimpáticas e, dependendo da época, cheia de promoções. É também um bom momento para você sentir a cidade e começar a planejar (se já não tiver feito isso) como chegar e a que horas ir a todas as atrações – especialmente porque algumas delas, como o Museu Van Gogh, tem filas a perder de vista.
Posso dar uma dica pessoal? No meu primeiro dia na cidade, visitei o Museu de Amsterdã, que é excelente, e ótimo para dar um contexto histórico da cidade. Assim, muita coisa já é explicada desde o início e você consegue aproveitar melhor, e com outros olhos, sua visita por lá.
Dedique pelo menos duas horas ao museu, já que ele é maior do que parece e superinteressante. Curiosidade: você pode tirar foto em uma armadura holandesa, e a imagem é publicada na conta do Flickr do Museu!
Museus
Amsterdã conta com duas “estrelas”, dois museus que estão entre os melhores do mundo, do tipo “tem que ir”. Conhecê-los, claro, não é nenhum sacrifício, ainda mais para quem ama arte.
Por sorte, os dois ficam pertinho um do outro, na Museumplein: o Van Gogh Museum, dedicado às obras do pintor holandês famoso pelos girassóis e céus estrelados, e o Rijksmuseum, que concentra várias obras de arte do mundo todo, mas especialmente de artistas holandeses como Rembrandt e Vermeer.
Anote a dica: acorde cedo – cedo mesmo! – e tente estar na fila para o Van Gogh Museum antes das 9h. Mesmo assim, muito provavelmente, você vai enfrentar um bom tempo na fila, portanto, vá com sapatos confortáveis e leve um guarda-chuva. Só para ilustrar, no fim de semana que eu fui, desisti no primeiro dia pois a fila anunciava que seria uma espera de mais de duas horas. No segundo dia, resolvi comprar um bilhete que garantia entrada com horário marcado, e mesmo assim recebi a recomendação de chegar com 30 minutos de antecedência. Mesmo a fila do ingresso especial é cheia de gente.
Porém, toda a espera vale a pena, porque o museu é excelente, e mostra não só as obras de Van Gogh como também de artistas contemporâneos que ele inspirou. O acervo é organizado de forma cronológica, em que você pode acompanhar a evolução dos rabiscos, desenhos, ensaios e obras do gênio atormentado, até chegar à seção com muitas das suas obras-primas. E não deixe de passar na loja do museu, tem acessórios fofíssimos que você pode levar como recordação.
Seguramente, vale gastar sua manhã por ali. Ao sair, aproveite para tirar uma foto no famoso I AMSTERDAM, letreiro em frente ao Rijksmuseum que é o famoso point de todos os turistas na cidade. Aproveite que você chegou cedo ao Van Gogh Museum e tire a foto logo de manhãzinha, quando há mais chances de ter o letreiro só para você, sem ter que disputar com centenas de outros turistas. Depois, siga para o Rijksmuseum. Dica: pare primeiro no café do museu, que é bem charmoso e fica em um lounge amplo e bem iluminado. É um bom lugar até mesmo para almoçar antes ir para a segunda jornada de museu do dia. O Rijksmusem é daqueles museus que todo apaixonado por arte ama, e deve ser degustado sem pressa.
E tem um bônus, uma terceira dica escondida e menos badalada: se você gosta de história – especialmente sobre a II Guerra Mundial – e se impressionou com a casa (e a história) da Anne Frank, aproveite para visitar o Verzetsmuseum, o Museu da Resistência, que fica na Plantage Kerklaan 61ª, bem pertinho do zoológico.
Ele é mais barato que seus dois irmãos museus maiores, e bem interessante: conta a história, de forma cronológica, de como se deu a invasão nazista na Holanda, como era a vida das pessoas na época, como começou a perseguição aos judeus e como a resistência aconteceu, silenciosamente (e depois nem tão silenciosamente assim). O museu é cheio de artefatos e documentos da época. É um mergulho bem interessante na história, e inclui um audio guide (em inglês) para acompanhar a visita.
Gastronomia
Há quem diga que, assim como a inglesa, a gastronomia holandesa é bem fraquinha – o que eu acho uma enorme injustiça. De qualquer forma, Londres e Amsterdã, como capitais ecléticas que são, dispõem de uma enorme variedade de restaurantes de todos os tipos de cozinhas do mundo. Particularmente, estive em um restaurante mexicano, pilotado por um brasileiro, onde comi tapas espanholas, que eram absolutamente deliciosas.
Em Amsterdã, aproveite especialmente as guloseimas, como os clássicos crepes e waffles com Nutella, e os típicos stroopwaffles (biscoitos redondos e recheados que podem ser servidos com café) e pannenkoeken (panquecas holandesas que podem ser servidas com coberturas doces ou salgadas, e que valem por uma refeição).
E, claro, não se esqueça dos queijos e das cervejas. Não faltam lojas que vendem queijos gourmet na cidade, mas, para quem tem paixão por eles, a dica é fazer um passeio até Volendam, ou visitar algumas das feiras de queijos artesanais que acontecem a algumas horas de Amsterdã (vale o passeio e a experiência!).
E quem é apaixonado por cerveja, pode aproveitar o famoso tour pela Heineken, preferido por quase 80% dos brasileiros que visitam Amsterdã. Mas também há cervejarias mais escondidas e artesanais que, segundo os locais, são bem mais interessantes. A Brouwerij ‘t IJ é uma delas, que fica mais afastada do centro da cidade – é preciso pegar um tram e ir para bem depois do zoológico. A distância compensa porque o passeio reúne dois programas em um só: você faz o tour e experimenta as cervejas artesanais, e ainda visita um moinho por dentro, já que a fábrica fica ao pé de um deles!
Para curar a ressaca, logo ao lado tem uma roastery, lugar onde se produz café gourmet, com grãos e blends selecionados do mundo todo e torrados na própria casa. Tem uma seleção boa de cafés brasileiros por lá, se quiser acordar da ressaca matando a saudade.
Passeios no canal
O que não falta é canal em Amsterdã – e, de quebra, passeios de barco por eles. E se eu, no início, achei muita “turistice”, agora reconheço que o passeio é bem interessante, e uma forma de ver Amsterdã de um outro ângulo – porque tanto a cidade como a história de seus habitantes estão intimamente ligadas à navegação, de modo que os barcos desempenham um papel importante.
Há os passeios mais turísticos, e também mais baratos, em barcos compridos e que levam em torno de uma hora pela cidade. Se você topar embarcar em um deles, que também é interessante, fica a dica: durante o dia, a visibilidade do passeio é bem melhor por motivos óbvios, mas o barco é bem mais concorrido – pense em fila para entrar e briga por um lugar na janelinha, que foi o que eu vi em pleno verão em Amsterdã. Por outro lado, a cidade à noite tem uma outra vibe, mais romântica, com pontes iluminadas e canais charmosos. Além disso, os passeios à noite são mais vazios também.
Mas esses são os passeios comuns. É possível alugar um barco ou fechar um passeio com um grupo em um barco aberto (ótima pedida para aqueles dias em que não está chovendo), que serve vinhos, queijos e cervejas. É uma opção mais sofisticada, mas o grupo também é mais seleto – ótimo para quem está viajando com amigos!
Crianças
Um dos melhores passeios para os pequenos é a visita ao Artis, o zoológico de Amsterdã – aliás, convenhamos que uma visita ao zoológico, em qualquer lugar do mundo, é uma alegria para os pequenos e também para muitos adultos. Além de ver os bichos de perto, há ainda a possibilidade de interagir com eles – assim como no zoológico de Londres, o de Amsterdã possui uma área de fazenda onde as crianças podem interagir com porcos, galinhas, patos e burrinhos, além de receber informações de guias que mostram corujas e águias.
O que achei mais é uma atração que está logo ao lado do zoológico, e é interessante até mesmo para os adultos: a Micropia. O nome sugere: é uma exibição que mostra todo o mundo microscópico – leia-se: amebas, bactérias, protozoários, micróbios etc. – que existe ao nosso redor, e o que esses organismos fazem na natureza. Há uma exibição bem interessante, inclusive, que mostra os milhares de tipos de micróbios que vivem na gente (argh!) e sobre a gente (urgh!). Por exemplo, você sabia que nós temos até 1,5 quilo de micróbios em nosso corpo, que nos ajudam a fazer a digestão? Pois é, você pode ficar com um pouco de nojo, mas reconheça: não é um passeio interessante?
Red Light District
Agora, nada de crianças… O Red Light District é bem “para maiores”. Mas, mesmo assim, é um lugar interessante e, por que não, curioso para se visitar. Talvez Amsterdã seja um dos poucos lugares do mundo em que o bairro tradicional de prostituição seja uma parte integrada das atrações turísticas –de uma forma desinibida, sim, mas séria.
Vale a visita, nem que seja para matar a curiosidade sobre como a “coisa” funciona – e vale ir tanto de dia quanto de noite (lembrando que é de noite que as cores do bairro mudam e que as janelas se acendem, mas de dia é possível ver um pouco também). Um bom ponto de partida é o Red Light District Museum, que conta como é a vida do lado de dentro das janelas vermelhas, mostrando, inclusive, como a prostituição é, antes de mais nada, uma profissão de verdade, com profissionais autônomas que alugam seu “espaço”, pagam impostos, negociam preços e, inclusive, têm relacionamentos sérios fora do seu trabalho.
O museu mostra também o lado negro da exploração sexual. É um passeio interessante, barato, curioso e ótimo para quebrar paradigmas.
Passeios de um dia inteiro
Um dos passeios muito bem recomendados pelos arredores de Amsterdã é pelo Zaanse Schans, onde a principal atração é a possibilidade de ver aquela Holanda que a gente sonha nas imagens: cheias de tamancos, queijos e moinhos!
É bem passeio de turista, diga-se de passagem: os moinhos em questão abrigam fábricas de tamancos e queijos, e tudo é organizado e montadinho para “turista ver”, tirar foto e voltar para casa, levando numa foto só todas as referências holandesas que se teve na vida. Mas, independentemente disso, tudo é muito bem feito, e vale a pena visitar mesmo assim.
Minha dica é só não fazer isso por conta própria, a menos que você alugue um carro em Amsterdã – tentamos dispensar os passeios do guia e fazer tudo sozinhos, mas não deu muito certo no quesito “aproveitamento de tempo”. Honestamente, fica a dica: se você tem pouco tempo em Amsterdã e quer aproveitar o passeio, vale a pena ir até lá, sim, mas assegure-se de contratar um bom grupo. Uma das ofertas de passeios bem comuns une a visita ao Zaanse Schans a uma feira de queijos holandeses, mas essa é válida apenas nos meses da primavera e verão. Vale a pena, se você estiver lá nessa época.
Outra opção de passeio – mas que só vale para o mês de abril, auge da primavera na Holanda – é para ver o circuito das tulipas, que florescem nessa época. Se você for nessa época, procure ingressos para o Keukenhof!