Cidades históricas – Mariana
Em meu último texto sobre as cidades históricas do Brasil, falei sobre Ouro Preto, em Minas Gerais. Esta região foi muito importante para a história do país e, por isso, as cidades ao redor de Ouro Preto também merecem destaque.
Talvez a principal de todas as cidades de Minas Gerais seja Mariana, que foi a primeira capital do estado. Aliás, esta escolha foi feita a partir de uma disputa, na qual a vila que arrecadasse maior quantidade de ouro para a coroa portuguesa seria nomeada a capital de Minas Gerais.
Mariana está a 12 quilômetros de Ouro Preto, portanto, se você estiver por lá, aproveite para fazer uma pausa no meio do caminho (de preferência, no passeio de trem que eu citei no último texto), para conhecer a Mina de Ouro da Passagem (R. Eugênio Eduardo Rapallo, 192), a cinco quilômetros da cidade. Como contei, este passeio é uma grande aventura. Você verá uma das maiores minas abertas ao público do mundo, explorada por meio de um trole que percorre 315 metros de trilhos até chegar a 120 metros de profundidade. Lá embaixo, você verá um lago lindo, de águas cristalinas. Ela foi desativada em 1985, mas rendeu 35 toneladas de ouro em seus mais de dois séculos de funcionamento.
A melhor maneira de conhecer Mariana é circulando a pé. Os principais atrativos ficam no Centro Histórico. Lá, você encontrará incríveis casarios coloniais e igrejas barrocas, como a Catedral Basílica da Sé, que fica na Praça Cláudio Manoel e, apesar de sua fachada modesta, é considerada uma das mais ricas do Brasil. Com altares talhados por Aleijadinho, pinturas de Athayde e lustres de cristal da Boêmia, a Catedral ainda possui um grande tesouro: um órgão alemão Schnitger, de 1701, com sete metros de altura, cinco de largura e 1.039 tubos de peça. Nas manhãs de sexta e domingo acontecem concertos, com o órgão, que atraem milhares de turistas.
Conheça ainda a Basílica de São Pedro dos Clérigos (R. D. Silvério, s/n), inaugurada em 1752, e a Igreja de São Francisco de Assis (Praça Minas Gerais), de 1794, um dos principais atrativos de Mariana. É lá que está a sepultura do importante pintor Manoel da Costa Athayde. No interior da igreja, você verá muitas de suas obras, como as pinturas da nave e da sacristia, além de relicários do altar feitos por Aleijadinho.
E para quem gosta desse tipo de obra de arte, Mariana ainda conta com o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra (Museu Aleijadinho), instalado em um casarão de 1770 (R. Frei Durão, 49). O museu tem uma enorme variedade de obras de Aleijadinho, pinturas de Athayde e ainda conta com objetos de ouro e prata e muitas esculturas e indumentárias religiosas dos séculos XVIII e XIX.
Se você procura tranquilidade para absorver história, aconselho que você viaje para Mariana fora de feriados prolongados ou das épocas de festas típicas. Mariana bomba no Carnaval, na Semana Santa e em julho, quando acontece o Festival de Inverno.
O Carnaval de Mariana possui blocos com décadas de existência e um centenário, o Bloco Zé Pereira da Chácara. Na Semana Santa, há diversas celebrações católicas como procissões em ruas decoradas com serragem colorida. Já no Festival de Inverno, acontecem apresentações de teatro, circo, música, exposições e oficinas de arte.
O clima em Mariana é bem típico das regiões tropicais de altitude – verões quentes e úmidos e invernos com temperaturas bem baixas. Aprecie os bolsões de ar frio e neblina que são típicos do amanhecer, por causa das montanhas.
Para chegar a Mariana, você pode pegar um voo para Belo Horizonte, onde está o aeroporto mais próximo, a 116 quilômetros, pelas rodovias BR-040 (de BH, sentido Rio de Janeiro) e BR-356. Se quiser ir de ônibus, a empresa Pássaro Verde tem partidas de várias capitais do Brasil para lá.
Boa viagem!
Beijos,
Luciana Sabbag