Um roteiro especial para ir de Portugal à Espanha
Setembro marca o fim do verão no hemisfério norte e o início das aulas, o que, para nós, significa início da baixa temporada e ótimas promoções para viajar pela Europa. Se tem um lugar que fica especialmente bonito nesta época do ano, é a Península Ibérica, que ainda conserva um pouco das altas temperaturas do verão, temperada com a riqueza cultural e gastronômica dos dois países.

Destacamos algumas possíveis combinações de o que fazer na Espanha e Portugal para aproveitar ao máximo o seu tempo por lá. A tarefa é mais árdua do que parece: os dois países são pequenos em extensão, o que permite fazer uma dobradinha e visitar os dois na mesma viagem. Só que, por outro lado, tanto o lado português quanto o espanhol mereceriam uma viagem só para eles, de tantas cidades e passeios interessantíssimos – e, por isso, ter de escolher umas cidades e abrir mão de outras é uma tarefa difícil na hora do planejamento, já que nem sempre o tempo permite incluir todas as atrações que a gente quer.

Por isso, esse compilado de ideias e dicas já vai lhe dar um norte. Daí por diante, você pode ajustar com mais ou menos cidades, dependendo de como for o seu roteiro. Que tal? 🙂
Portugal e Espanha: algumas possibilidades
Lisboa, Madri e Barcelona (com arredores)
Esta é, muitas vezes, a opção mais escolhida de pronto, já que combina as duas capitais e Barcelona, outra queridinha dos viajantes de todo o mundo. Combinar as três é super factível, mas vale lembrar que, mesmo com esse roteiro pontual, dependendo do tempo de que você dispuser em cada cidade, é possível visitar algumas atrações nos arredores, como Cascais e Sintra (próximos a Lisboa) e Toledo (próximo a Madri). Assim, você pode dar mais “corpo” ao seu roteiro!
É só combinar do seu jeito! 🙂
Como ir de Portugal a Espanha: você pode viajar de avião entre as três cidades e pegar trem apenas quando for passear pelos arredores.
Por onde começar: Lisboa. A cidade merece pelo menos três dias dedicados a ela, que, mesmo com a crise que ainda insiste em perturbar os ânimos, se mantém reinventada, com uma vida cultural agitada e uma gastronomia saborosa – e, é claro, continua muito fotogênica.
O que fazer em Lisboa
Talvez o passeio mais badalado seja o Oceanário de Lisboa, que é também um dos mais famosos da Europa. A proposta é apresentar um pouco dos oceanos do mundo e, por isso, o centro abriga uma das maiores variedades de fauna e flora oceânica do planeta, que pode ser observada através dos aquários ou de forma um pouquinho mais intimista: vendo os tratadores alimentando os animais. Mediante uma taxa extra, é possível até passar a noite por lá.

Mas em Lisboa, e especialmente se o tempo estiver bom (o que é esperado em setembro), aproveite para se aventurar pelo ar livre na cidade. Uma ótima visita é à Torre de Belém, que é um dos pontos turísticos mais icônicos da capital portuguesa – e já vai garantir fotos lindas para lembrar sua viagem!

Outro passeio especial é seguir acompanhando o rio Tejo, só parando aqui e ali para as fotos (o que, se depender dos contornos da cidade, serão muitas vezes!).

Vale lembrar que Lisboa é uma das poucas cidades da Europa que sabe valorizar e conciliar o seu patrimônio antigo com um ar mais “jovial” da nova geração de portugueses, que tem encontrado soluções criativas para contornar a crise. Por isso, Lisboa tem fervilhado de atrações culturais e eventos – em parte também para extravasar e revitalizar a cidade neste momento. E uma dica ótima de passeio é seguir para o Bairro Alto e o Chiado.

Diga-se de passagem, o Chiado é uma fofura: frequentado por artistas e intelectuais, é onde se encontram muitas das livrarias mais charmosas e diferentes do país. Aliás, esse é o tipo do bairro que você deve visitar de olhos bem atentos: como o nome já dá a dica, os melhores segredos de lá não são anunciados – é como se fossem sussurrados à boca pequena. Entre os mais conhecidos está o Café A Brasileira, onde fica a clássica estátua de Fernando Pessoa.
Outros passeios importantes para fazer por lá: conhecer o Largo do Carmo, o Mosteiro dos Jerônimos, o Museu São Roque e, claro, conferir ao vivo e a cores e sabores os famosíssimos pastéis de Belém, que, quando feitos apropriadamente, chegam à mesa quentes, saídos do forno!

À noite, siga para o Cais do Sodré. Como acontece na história de muitos cais pelo mundo, essa era uma área de boemia e prostituição, que caiu em declínio para só recentemente receber projetos de revitalização. Hoje, é o local onde a noite continua – e, diga-se de passagem, muito bem! O bacana de ir lá é visitar muitos estabelecimentos que foram renovados, mas guardam resquícios da “encarnação passada”, como um café/sex shop que já foi prostíbulo, bares que eram casas de pesca etc. Quer uma dica? Não deixe de ir ao Mercado da Ribeira!
Nos arredores de Lisboa
Sintra: Aproveite um dia extra para encaixar uma visita bate-volta a Sintra, indo de trem. A vila, que se recusa a ser promovida para a categoria de cidade, faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco e encanta de verdade pela sua beleza. Para aproveitar o tempo curto, vá conhecer o Palácio Nacional da Pena, que fica encarapitado numa encosta e é altamente fotogênico (é considerada uma das construções românticas mais bonitas do mundo, e lembra o famoso castelo de Neuschweinstein, na Alemanha).

Não perca também a visita à Quinta da Regaleira, onde é possível fazer uma viagem no tempo. Isso porque o castelo possui uma série de referências góticas, com inspirações em mistérios, alquimia e maçonaria. O destaque é o Poço Iniciático, uma galeria subterrânea com escadas em espiral que leva a um símbolo da Rosa Cruz – e que teria sido usado em rituais de iniciação. A escadaria é cheia de referências e mistérios, mas uma coisa é certa: o cenário parece ter saído de um filme.
Cascais: Outro bate-volta pertinho de Lisboa, é uma cidade muito simpática à beira-mar. O passeio começa já na ida, já que o caminho vai contornando o famoso rio Tejo. Quem ainda quiser aproveitar um pouco de praia, Cascais é o lugar. A cidade era conhecida por ser destino de verão da corte portuguesa, e possui várias praias belíssimas – a mais famosa é a praia do Guincho. Mas, para quem quiser ficar pela cidade, não faltam lugares para conhecer: o centrinho é delicioso para uma caminhada a pé, além da Cidadela, construída no século 16.

As melhores opções de como ir de Lisboa a Madrid serão via trem ou avião.
O que fazer em Madri
A capital espanhola é apaixonante, jovem e está sempre fervilhando de energia. E com uma enorme vantagem: Madri chega a ter 40 graus no auge do verão, mas de setembro em diante a chance é de pegar temperaturas mais amenas e ainda assim bem gostosas – a parada para comer uma tapa nas ruas ainda está em alta nessa época.

Os museus madrilenos são um passeio imperdível: comece pelo Prado, que reúne as principais obras de arte dos pintores espanhóis, como Velázquez, Goya e El Greco (que, ok, era grego e não espanhol, mas desenvolveu sua carreira por lá). Mas, se você sentir falta do Picasso, corra para o museu Reina Sofia, o segundo mais visitado: é lá que está o famoso quadro Guernica, pintado pelo artista que queria representar o bombardeio da cidade espanhola pelos alemães um pouco antes da 2ª Guerra Mundial. E o lado bom? Os dois museus são gratuitos.

Mas, assim como Lisboa, Madri também é deliciosa ao ar livre. Por isso, aproveite para bater perna na Gran Vía, a principal rua da cidade, na Puerta de Alcalá e na Plaza Mayor, cheia de lojas e restaurantes.
Aliás, “lojas”, em Madri é uma palavra-chave, especialmente para quem tem vontade de fazer umas comprinhas. Isso porque as rebajas espanholas são conhecidas por serem fantásticas, e ainda devem estar por lá nesse princípio de setembro. Meu voto: corra para a El Corte Inglés, que estende nas últimas semanas de promoções (leia-se: agora) descontos fantásticos para marcas de luxo como Armani e Carolina Herrera.
Quem ama futebol tem também outro compromisso: uma visita rápida ao estádio Santiago Bernabéu, a casa do Real Madrid. É possível fazer um tour por lá e, dependendo de quando você for, quem sabe ainda dá para aproveitar a oportunidade de assistir a um jogo da equipe merengue?

À noite, a dica é seguir para a Latina, o bairro mais boêmio de Madri, cheio de restaurantes, bares e tapas. Mas, se você for como eu, que não curte balada, meu voto seria ir para o Mercado San Miguel, que é imperdível a qualquer hora do dia. Lá, o programa mais óbvio, claro, é comer, seja sozinho ou com amigos, seja degustando as tapas à venda ou simplesmente pedindo o que der na telha. Mas é um passeio fantástico. E, ainda na linha dos mercados, o mais recente que abriu por lá é o Mercado Santo Anton, charmosíssimo e que conta ainda com uma ala mais gourmet e deliciosa.
Arredores de Madri
Toledo: A cidade é quase cinematográfica, bem pertinho de Madri e excelente para um bate-volta. Vale a visita pelo enorme patrimônio histórico que mantém até hoje, já que a cidade é toda murada, herança do domínio muçulmano por anos.

Os apaixonados por histórias medievais (e sangrentas) vão adorar o passeio – para esses, eu recomendaria estarem acompanhados de guias. Isso porque Toledo foi o centro de muita tensão entre muçulmanos e espanhóis, de modo que, até hoje, é possível ver o legado de diversas revoltas e batalhas pelas suas vielas.
Mas não é só de guerra que vive o passado da cidade: o escritor Miguel de Cervantes definiu Toledo como a “glória da Espanha”, e basta umas poucas voltinhas pela cidade para encontrar réplicas dos seus personagens imortais, Dom Quixote e Sancho Pança, enfeitando as ruas.
O que fazer em Barcelona
Encantadora, Barcelona respira arte, moda, festa, gastronomia… Tudo, não? Por isso, a cidade combina com o número de dias que você quiser dedicar a ela, com a certeza de que você nunca vai ficar “tempo demais” por lá.

Lembra que Madri e Lisboa eram ótimas cidades para se andar a pé e ao ar livre? Em Barcelona acontece o mesmo, com uma vantagem: é na própria rua que a gente começa a explorar a cidade pelos seus cartões postais, começando pelo seu patrimônio artístico, onde o maior expoente é o arquiteto Antonio Gaudí. Comece na rua Passeig de Gràcia, especialmente no número 92, onde está a construção La Pedrera (ou Casa Milá), e siga para a Casa Battlò, no número 43 da mesma rua. São duas construções criadas pelo artista, com inspirações diferentes e igualmente interessantes.

De lá, siga para o Parque Guell, outro cartão postal da cidade saído das mãos de Gaudí. Pavilhões gaudinianos (como eram chamadas as obras que levavam a assinatura característica do arquiteto) dão as boas-vindas aos visitantes, que podem admirar de perto os contornos inusitados e divertidos do traço do artista.

Não deixe de reservar um tempinho para a Catedral da Sagrada Família. Esta, aliás, merece uma visita especial, por ser considerada a obra mais perfeita de Gaudí e que ainda não foi completada – estima-se que o final da construção só acontecerá em meados de 2026, quando serão completados cem anos da morte do arquiteto.

Não é que a ordem da visita faça a diferença, mas, depois de conhecer a Catedral, não tem mais jeito: você já estará irremediavelmente apaixonado por Barcelona.
A cidade continua além da arte: um programa imperdível é bater perna, especialmente pelo calçadão de Las Ramblas, com lojas, detalhes arquitetônicos fantásticos e muita, muita gente. Não seria errado dizer que em Las Ramblas pulsa a principal artéria da cidade.

E, já que está lá, faça um pit-stop no mercado La Boquería, onde estão muitas das melhores tapas da Espanha!

Ama futebol? Assim como em Madri é obrigatório passar pelo Santiago Bernabeu, em Barcelona não deixe de conhecer o Camp Nou.

Arredores de Barcelona
Girona: A cidade possui um centro histórico medieval de beleza única, que por si só já vale a visita. Por causa de seu passado e sua história, Girona ainda guarda resquícios e influências judaicas, muçulmanas e romanas pela sua arquitetura – bem, e influências recentes também, já que uma das pontes que conecta a cidade foi construída pela mesma empresa do francês que projetou a Torre Eiffel. Aliás, não repare se você vir muitas placas em francês – a influência do país vizinho é bem forte.

Passear por Girona dá a impressão de estarmos em uma viagem no tempo e no espaço, já que a cidade é cercada de pequenas vielas, igrejas soberbas e simpáticos cafés. Mas são as casas pintadas à beira do rio que viraram a “assinatura” da cidade. Dá para conhecê-la em um passeio de um dia apenas, com a vantagem de que, no mês de setembro, é relativamente fácil encontrar diversos tours guiados em espanhol e inglês saindo do ponto de boas-vindas da parte medieval da cidade.
Dica Extra: Combinando Sevilha
Uma dica esperta para quem está disposto a alterar um pouco o seu roteiro: é possível combinar uma visita a Sevilha com Lisboa, Madri e Barcelona (nesse caso, seria preciso ir de avião de Lisboa para Madri, de trem de Madri para Sevilha e novamente de avião de Sevilha a Barcelona). Para quem tem menos tempo, é melhor optar entre Barcelona e Sevilha, deixando uma das duas de fora do roteiro.

Parece loucura? Não é não: Sevilha é a capital da Andaluzia, a região mais charmosa da Espanha, e seguramente uma das mais belas cidades espanholas (quem diz isso não sou eu, e sim muitos viajantes europeus). É também a capital do flamenco e o melhor lugar no país para você assistir a um show de dança inesquecível em um dos tablaos. A cidade tem também uma decoração toda peculiar: fica na Plaza Incarnación, por exemplo, o Parasol Metropol, uma espécie de “teto” abobadado e com um design super, digamos, inusitado, que rende fotos bem diferentes – vá perto da hora do pôr do sol.

Ah, um bônus para quem optar por inserir Sevilha no roteiro, partindo de Madri: quem vai de trem pode fazer uma parada na cidade espanhola de Córdoba, que fica no meio do caminho, e conhecer a Mesquita, a catedral da cidade famosa por sua arquitetura única, que mistura arte cristã e muçulmana.

Quem vai para Sevilha pode reservar dois a três dias para desbravar a cidade, que merece toda sua atenção. Entre os principais passeios, está uma passadinha no Palácio do Alcazar, que reúne os conjuntos de palácios mais antigos da Europa, construídos com influências árabes belíssimas – a mais frequente são os enormes jardins internos, charmosíssimos. A Catedral de Sevilha, com a torre Giralda, preservada desde a época da invasão dos mouros, também é imperdível. Não, não é uma catedral qualquer: esta é a maior catedral gótica do mundo, e símbolo da cidade. Vale a visita.

A melhor região para bater perna é o bairro de Triana, onde estão boas opções. Ah, uma dica: organize seu dia de modo que você possa descansar mais no dia seguinte, já que a noite espanhola é como a nossa: já começa tarde!
Entre um passeio e outro, não deixe de parar em um dos muitos bares de tapas da cidade, clássicos e deliciosos – assim em toda a Espanha.