Tour da guerra: o que fazer em um dia em Sarajevo
Depois de uma rápida visita a Montenegro, um lugar que nunca imaginamos que iríamos conhecer, seguimos em direção ao nosso trigésimo primeiro país na viagem: a Bósnia e Herzegovina. Apesar de termos feito uma rápida visita ao país quando ainda estávamos na Croácia, quando fomos até Mostar, agora íamos explorar a capital, Sarajevo, com um pouco mais de tempo e calma.
Em nosso primeiro dia em Sarajevo, começamos comendo os deliciosos pães “pita” no café da manhã. De barriga cheia, saímos para “pernar” pelo pequeno, mas interessante centro da cidade.
Achamos um guichê de informações e uma simpática moça nos ajudou a encontrar o tour pela capital chamado “Guerra da Bósnia” e também nos explicou sobre a exposição que mostrava passo a passo como se desenrolou a ultima grande guerra do século 20. Quem for para Sarajevo e quiser participar deste tour, saiba que é importante ter um bom conhecimento do inglês para entender tudo.
A entrada custou 2 euros e, depois de uma hora na exposição, tivemos uma boa noção da tragédia que havia rolado naquela cidade em 1992. Para quem não se lembra bem da história dessa guerra, por motivos complexos e difíceis de explicar em poucas palavras, as forças armadas sérvias cercaram Sarajevo, que fica em um vale, e, durante três anos, controlaram a entrada de comida, água e energia na cidade, forçando os mais de 200 mil habitantes a morrerem de fome e frio.
Munidos de uma capacidade bélica infinitamente maior que a dos bósnios, os sérvios isolaram Sarajevo do mundo. Seus atiradores de elite acertavam crianças, idosos, mulheres, ou qualquer outro civil que achassem pertinente. São vários os casos de morteiros lançados em filas de padaria ou mercado, que mataram dezenas de pessoas. A ONU interveio e, durante um período, tomou conta do aeroporto, proporcionando a chegada de comida e água para a população isolada. Segundo a exposição, foi a maior ajuda humanitária organizada pela ONU na historia, até então.
Para sobreviver a tamanho isolamento, a população de Sarajevo construiu, secretamente, um túnel de mais de 800 metros debaixo do aeroporto, garantindo acesso além do cerco, e possibilitando o ingresso de suprimentos para a população. As marcas da guerra ainda estão muito nítidas e vivas pela cidade, principalmente em algumas casas e prédios.
A Bósnia é um país muçulmano e sua cultura tem claras influências árabes. Depois de algumas horas andando pelas pequenas ruas do centro, comendo muitos doces e vendo lindas peças de cerâmica e narguilés, resolvemos ir conhecer os tais famosos túneis que salvaram a cidade durante a guerra. A agência com quem fechamos o tour da guerra oferece esse passeio, mas resolvemos ir com nosso próprio carro. Meia hora mais tarde, paramos em frente a uma casa normal, sem nenhum sinal de um túnel a não ser a placa “tunnel here”.
Pagamos cerca de 4 euros e entramos em uma área onde diversos cartazes explicavam detalhes da guerra. Havia também algumas minas terrestres e, logo abaixo do quintal, ainda bem preservados, 20 metros do túnel original, com largura média de um metro e não muito mais alto que isso.
O dia estava chegando ao fim, mas decidimos voltar ao centro, sentar em um café, comer uns docinhos de massa folhada e ver o tempo passar. Algo parecia nos prender a essa cidade, não queríamos ir embora. Regressamos ao nosso camping quase à meia noite. O clima, apesar de não estar muito bom, não atrapalhou os passeios. Fomos dormir felizes por ter conhecido uma cidade que, ano a ano, muda para melhor e que aos poucos vai deixando para trás as marcas dessa trágica guerra.