Os melhores parques de Londres para visitar no outono
Por mais que eu adore o verão e uma praia, tenho que admitir: o outono virou minha estação preferida, especialmente aqui na Europa. E eu não sou a única: quase todo mundo que faz uma viagem para cá no outono volta com a mesma opinião.
São vários os motivos: as temperaturas começam a cair (especialmente no norte da Europa – Inglaterra, Holanda, Alemanha), mas ainda há aquela sensação de um friozinho gostoso e confortável pela cidade, desses que fazem a gente adorar curtir um chá ou um café e ver o dia lindo lá fora. Sim, porque, especialmente no início de outubro, os dias ainda são claros, muitas vezes ensolarados e luminosos!

E, melhor ainda, tem também a paisagem. Com o outono, as árvores trocam de folhas e assumem diversas cores: amareladas, vermelhas, castanhas… Sem dúvida, o outono é a estação mais fotogênica da Europa.
Este post é especial para quem vai viajar a Londres – a cidade é uma das melhores da Europa para ver todas essas transformações de perto, já que é cheia de parques, e com uma excelente rede de transporte de um ponto ao outro. Reunimos dicas sobre os melhores parques de Londres para apreciar as cores e sabores do outono, e ainda matar os amigos de inveja com as fotos.
Bote o casaco, porque está friozinho, mas aproveite a leitura e a viagem – e depois me conte se essa estação virou sua preferida também!
Hyde Park
Talvez este seja o melhor e mais fácil de se visitar em Londres, já que é bastante central e de super fácil acesso – uma curta caminhada a turbulenta Oxford Street, a rua das compras, de uma enorme área verde, quase um oásis de tranquilidade.

Para quem quer tirar as famosas fotos de árvores se descolorindo e desfolhando, este é o melhor lugar: são mais de quatro mil delas, entre esquilos, rios e pistas de corrida, para fazer a composição de foto que você quiser. Dica: procure a Serpentine, que tem uma enorme área de lazer ao redor, à beira d’água, cheia de pedalinhos (fazendo sua despedida do ano, até voltarem na primavera) e bares e cafés charmosos.
Primrose Hill
Por ficar escondidinho atrás do charmoso Regent’s Park, é menos conhecido e visitado pelos turistas do que o vizinho – e os locais agradecem: Primrose Hill é um dos melhores segredos de Londres, tanto que é um dos endereços preferidos (e mais caros) da cidade. Kate Moss e Jude Law são só alguns dos muitos famosos que já moraram por ali.

O bairro é bem residencial – leia-se: cheio de casas exuberantes! –, mas o bacana mesmo está no próprio parque, que não tem muitas árvores –portanto, esse não é o melhor lugar para as fotos de folhagens avermelhadas –, mas tem uma vista fascinante. Uma pequena elevação (ou hill, como o nome sugere) serve de “camarote” da cidade e, de lá de cima, dá para ver todo o horizonte de Londres!
Aviso: o outono londrino é famoso por seus ventos gelados, então, não esqueça o seu casaco poderoso quando subir o morro de Primrose Hill. Por outro lado, outubro é um mês generoso em dias secos, com céu claro e um pôr do sol incandescente, igual às cores do verão! Ou seja: a ventania vai valer a pena.
Hampstead Heath
Diferente dos outros parques, Hampstead Heath tem menos cara de jardim. Parece mais uma “reserva florestal”, com um quê de rústico nas trilhas, nos bancos, nos caminhos. Não tem, por exemplo, os jardins bem cuidados de Regent’s Park, mas nem por isso decepciona na vista: o parque é bastante frequentado por pessoas que moram nos arredores para correr, praticar ciclismo, passear com os cães, fazer piquenique e, no verão, mergulhar nos rios. Aqui, eu recomendo que você vá calçando botas mais preparadas para trilhas ou um bom tênis de corrida.

Particularmente, gosto mais daqui do que do Hyde Park. Hampstead Heath era uma área mais antiga e tradicional – artistas, pensadores, escritores e toda a antiga intelectualidade inglesa morava por aqui – a atriz Jude Dench, a “M” da série de filmes do James Bond, era uma delas. As casas também repetem essa tradição, em cores ocres e com ares do passado, que combinam muito bem com as árvores, que adquirem tons diferentes nessa época.
Prepare a câmera e vá logo no início do outono, quando a copa das árvores ainda está cheia: a paisagem de Hampstead Heath, toda colorida, parece uma pintura de quadro impressionista. Prova de que a arte imita mesmo a vida, só que essa última dura só uma estação!
Regent’s Park
Acho que, de todos os parques reais, esse é o que mais tem cara e jeito de jardim. Seja pelo rosário, área especial onde são plantadas rosas de várias cores e lugares do mundo (com nomes curiosos, como Nostalgia e Mistério), seja pelos cantinhos tão bem cuidados de coredores de heras, chafarizes, pontes, lagos…. É um dos parques mais impecáveis para passear.

Particularmente, eu acho que vale super a pena combinar o passeio com um lanche ou almoço. O Regent’s Park tem uma série de espaços para café da manhã, uma hamburgueria e um fofo cantinho para café – todos eles com aquecedores do lado de fora, para aproveitar ao máximo o tempo friozinho curtindo o dia e a paisagem.
Mas, se é o parque com mais cara de jardim, é também o lugar que, na minha opinião, mostra claramente o passar das estações. Se os jardins do Regent’s Park se carregam de flores rosas em abril, com a chegada da primavera, é também no inverno que os enormes corredores cercados de árvores fazem aquele tapete perfeito de folhas douradas.
E, se você estiver em Londres com crianças (ou se simplesmente adora bichos), eis um bônus para você: o outono é a época em que os esquilos começam a coletar mais intensamente comida e nozes para se prepararem para o inverno, e os de Regent’s Park, por já se terem acostumado com tantos turistas, não se fazem de rogados e podem comer na sua mão! Outra dica é olhar para o alto: talvez pela proximidade do zoológico, o Regent’s Park atrai muitas aves, e é um dos locais mais indicados para avistar quase 300 espécies de pássaros, que vão de corujas até periquitos (os brasileiros!).
Richmond Park
De todos, este é o único parque que não é parque – é uma reerva nacional e uma das maiores áreas verdes urbanas do Reino Unido. Não é difícil de chegar: basta pegar o overground, o metrô que anda por cima da terra, até a estação de Richmond. O lugar é um pouco afastado do centro da cidade e um passeio por lá vai ocupar praticamente o seu dia todo, mas vai valer a pena cada minuto, especialmente se você vir um dos locais: autênticos bandos de veados.

Sim, veados de verdade, aos bandos e a uma distância bem próxima de você, sem grades. Isso porque Richmond foi fundado por Charles I, Rei da Inglaterra, que achou que seria uma boa criar uma reserva florestal com veados onde ele poderia caçar para se divertir e também se isolar, junto com a corte inglesa, enquanto toda a cidade de Londres morria infectada pela Peste Negra (mas não fique com raiva dele – ele pagou com a cabeça ao ser o único rei inglês executado da história, anos depois). De lá para cá, o parque permaneceu protegido e os veados acabaram se acostumando mais à visita de humanos (embora sempre é de bom tom manter uma distância segura).
Mas tem um bônus para quem visita Richmond no outono: em outubro, as cores do parque estão especialmente avermelhadas e bonitas, o que faz parecer qualquer lugar do mundo, menos em Londres. E é também o período mais fácil de avistar os veados em bandos, já que é a época do acasalamento – e daí, vê-se um macho garbosos cercado do seu harém. Porém, fica só uma dica: nessa época, o macho costuma ficar mais, digamos, territorialista, então, procure abusar do zoom da sua câmera sem chegar muito perto, viu?
Kensington Gardens
Aviso: fica entre dois dos bairros mais caros de Londres – e por aí, você pode imaginar que os frequentadores do parque são muito bem, digamos, abonados. Mas os mais abonados mesmo são da Família Real: fica ali o Kensington Palace, que costuma ser residência dos futuros monarcas da Inglaterra antes de assumirem a coroa – e, daí, se mudarem para uma “casa” um pouco maior, o Buckingham Palace. Logo, vale a visita ao palácio, que já foi residência da Rainha Victoria, da Lady Di e hoje é o endereço londrino do Príncipe William e de sua família.

Só por isso o parque já seria cheio de histórias, reais ou não – e ao dizer “reais” aqui, eu me refiro tanto à realeza quanto a fatos não fictícios. E o meu preferido é que Kensington Gardens foi cenário do filme “Em busca da Terra do Nunca”, com Johnny Depp, que interpretou o autor do conto infantil “Peter Pan”. A história real? O autor morava por ali mesmo, e costumava ir ao parque frequentemente para buscar inspiração, e foi onde escreveu boa parte da história. Por causa dele, foi construída uma estátua de Peter Pan no parque – você terá de procurá-la entre as belas árvores e trilhas, mas quem encontra-la pode ter a surpresa também de ver pequenos artistas interpretando o menino e entretendo crianças.
E, claro, no outono, assim como todos os parques de Londres, Kensington Gardens se reveste de cores, mas com uma aura mais tranquila – ele fica ao lado do badalado Hyde Park, mas não recebe os mesmos eventos, concertos e shows. É garantia de sossego, e ótimo para quem vai com crianças!
Uma dica insider: aproveite o friozinho do lado de fora e estique a visita com um café no Orangery, um restaurante charmosíssimo, perto de Kensington Palace. É uma construção clássica e típica para jardins, com janelões poderosos para não perder nem um pouco da vista (ou do charme) das cores do outono lá fora. Só não garanto de você encontrar a Kate Middleton por lá, com as crianças reais – mas sempre há uma chance, né?
E não deixe de visitar também o Albert Memorial, uma belíssima construção em homenagem ao Príncipe Albert, casado com a Rainha Victoria, que foi erguida pela monarca após ficar viúva. Dica: todo primeiro domingo de cada mês há um tour guiado (custa £ 6) pela parte interna do memorial, onde o guia explica todos os detalhes esculpidos no mármore e a história por trás de cada um. Dura só uma hora e basta aparecer lá – não precisa de hora marcada.
Kew Gardens
Não nego: a melhor época de visitar este parque é mesmo na primavera, em que tudo é só flores desabrochando. Mas, mesmo no outono, Kew Gardens é um excelente passeio, uma vez que é considerado um dos melhores jardins botânicos do mundo. Trata-se de uma estrutura enorme e fantástica, com jardins e estufas de vários tipos, e exatamente por ter tanta diversidade de plantas, visitá-lo nessa época do ano é como ver um jardim único no tempo – porque na semana seguinte as cores e plantas em destaque já são outras. E com um bônus: as exibições mais famosas e concorridas acontecem nos outros períodos do ano, e o outono é conhecido por ser bem mais calmo por lá.

Dica: visite a estufa Princess of Wales e a maior orquídea do mundo, que está neste exato momento ainda cheia de flores (mas que só deve durar até a chegada do inverno!). Mas, sobretudo, vá conhecer Kew Gardens, mesmo se você não entender lhufas de botânica. Outono é a estação mias fotogênica do parque, que até organiza um concurso de fotografia no início do mês. Fotos lindas para matar todo mundo de inveja das suas férias outonais? Aqui tem.