O que fazer em Bonito: dicas para montar sua viagem
Viajar para Bonito era uma coisa que estava na minha lista de sonhos de consumo há alguns anos e, depois de duas tentativas frustradas de planejar uma viagem até lá e ter que desmarcar tudo em cima da hora por imprevistos da vida, eu já estava doida para vida para ir.

Valeu a pena a espera: pude ir em uma das melhores épocas do ano, e em uma ocasião em que aprendi com o pessoal de lá alguns macetes para organizar a viagem – sim, Bonito, é lindo, mas envolve uma logística especial, e saber algumas dessas dicas ajuda a otimizar ao máximo o passeio e a experiência.
E nesse mês, que é um dos melhores para visitar a região, eu preparei esse post compiladíssimo de dicas para vocês irem e aproveitarem muito: desde como planejar a viagem até as principais atrações que tem por lá. Aliás, se você está mesmo a fim de conhecer essa riqueza do turismo brasileiro, não deixe de dar uma olhada nesse post especial do blog, da série Dicas do Expert, sobre Bonito.

Confira, viaje, e depois me conte se o clichê “Bonito não é Bonito, é lindo” é batido, mas é uma super verdade!
Quando ir a Bonito
Bonito é uma boa pedida para viajar em qualquer época do ano, mas por ser um destino eco turístico – e, portanto, o contato com a natureza é parte indispensável das atrações –, as estações do ano acabam influenciando bastante na paisagem. E lá, rolam basicamente duas estações: a de seca (de abril a setembro) e a de chuva (de outubro a março).

Posso dar minha opinião? Viajar para Bonito é jogo em qualquer época do ano, mas a estação seca é a melhor pedida, especialmente por causa da visibilidade da água (fator importantíssimo para quem for fazer a flutuação no Rio da Prata, o passeio mais bacana de lá).
Eu fui em maio, o que foi ótimo: a paisagem ainda estava verdinha e viçosa graças à estação chuvosa que tinha acabado recentemente, os dias estavam mais ou menos friozinhos à noite e quentes de dia. Uma delícia!
Onde ficar?
Com tanta gente indo para lá, o centrinho de Bonito – que é pequenininho, com aquele jeitinho aconchegante de cidade pequena – cresceu também em infraestrutura turística, e pelo menos boas opções de hotéis e pousadas é o que não falta, para todos os tamanhos de bolsos existentes.

Só uma dica, porém: como em Bonito a maior parte dos passeios (rios, trilhas, cavernas etc.) duram pelo menos metade do dia (algumas duram o dia inteiro), invariavelmente você vai comer na rua. Então, um bom negócio é escolher os hotéis com café da manhã incluído e que tenham uma opção de restaurante (seja dentro deles ou nos arredores) para a noite, quando você vai chegar cansado – e, pelo menos no nosso caso, cheio de fome depois de tanta atividade física.

Os hotéis e pousadas que ficam bem no centro comercial de Bonito são uma boa pedida e dispensam o restaurante do hotel, já que é só dar uma voltinha para encontrar ótimas opções de comida. Já os que ficarem um pouco mais afastados (e eu digo um pouco mais mesmo, coisa de apenas alguns quarteirões) estão apenas a uma pequena caminhada de distância – muitos hotéis alugam bicicletas, para quem topar um passeio mais descolado.
Como se locomover
Essa viagem exige uma logística específica, que começa com a própria chegada à cidade: Bonito fica a quatro horas de estrada da cidade de Campo Grande (MS). Além disso, as atrações ficam espalhadas pelos municípios de Bonito e Bom Jardim, sempre em fazendas, e em algumas delas leva-se quase uma hora de estrada para chegar. Por isso, é fundamental planejar não só os horários, como também reservar tempo (e dinheiro) para os transportes do seu hotel para cada atração.

Quem fechar o pacote de atrações por agências pode conferir com elas se há alguma van contratada para fazer o passeio – a maioria oferece este serviço, que muitas vezes é pago à parte, mas compensa pelo fato de você já sair do hotel com tudo reservado e sem ter que se preocupar com nada. Quem vai em grupos de até quatro pessoas pode considerar alugar um carro já no aeroporto de Campo Grande e pegar a estrada até Bonito. Sobre essa opção: se por um lado você tem toda a liberdade de se deslocar de uma atração para outra, por outro lado vale a pena sair com uma certa “folga” do hotel para qualquer passeio, para ter uma margem de tempo caso você se perca em um dos caminhos. Em Bonito, tudo é bem sinalizado, mas mesmo assim sempre tem uma “pegadinha” para quem não está acostumado com a região, e como muitas atrações tem horário marcado, não é nada legal perder a hora por estar perdido no mato, né?
Por último, há sempre a opção de reservar um táxi para fazer os deslocamentos de forma privada entre uma atração e outra, e a maioria dos hotéis sempre tem um motorista de confiança para indicar. Porém, essa é a opção mais “salgada” também.
O que fazer em Bonito
Abismo Anhumas: Disparado, o passeio mais radical do Brasil – e quiçá do mundo! O nome é bem sugestivo e verdadeiro: o Abismo em questão é uma caverna subterrânea em que a abertura (e único acesso) é na parte de cima, a uma altura de 72 metros, que só pode ser feita de rapel. Passada a emoção inicial da descida, o visitante vê uma caverna submersa, um pouco escura (vale a pena levar uma lanterna) e, por isso mesmo, com um visual fantástico: é como um anfiteatro de estalactites e estalagmites, com uma acústica (e um silêncio) inusitados e, pelo menos para quem for em janeiro, época em que o sol incide diretamente sobre a abertura da caverna, uma única faixa de luz natural iluminando tudo.

É aqui também outro paraíso para mergulhadores. No Abismo, é possível fazer mergulho de cilindro e ir conhecer de perto as enormes colunas formadas pela sedimentação do calcário. Quem não mergulha de cilindro pode fazer snorkeling também, sempre com um guia. E não se preocupe: a estrutura de segurança é excelente, tanto em relação ao rapel quanto ao equipamento de mergulho, que já é levado antes para você.
O passeio é único, radical, indescritível e exclusivo: não só porque são permitidos apenas dois grupos de oito pessoas por dia, mas porque muito do que você vai ver ali só dá para registrar na memória (a luz é insuficiente, então fotos em geral não ficam muito boas). Então, não estranhe se você voltar com essa sensação de que não sabe explicar como foi – só que foi absolutamente único.

O único “porém” do passeio é o rapel – e não exatamente a descida, mas sim o fato de que, para voltar, você vai precisar subir tudo aquilo (72 metros) de novo, e sozinho, só dependendo da força das suas pernas. Então, nesse quesito, é legal estar em dia com a atividade física. Antes de reservar o passeio, é feito um teste na sede do escritório da empresa organizadora, em que você sobe e desce duas vezes de rapel uma altura de nove metros – e, se não conseguir fazer corretamente, não é aprovado para o passeio. É uma das medidas de segurança, e que também ajuda a ver se a gente consegue dar conta ou não. Uma dica é prestar atenção nas instruções de roupas que eles vão dar na hora: camisas polos, com aquela gola para cima, são boas para proteger o pescoço do atrito com a corda do rapel, e o mesmo vale para a calça: opte por calças compridas, mas que não prendam seus movimentos. Acredite: na hora de subir os 72 metros, isso vai fazer muita diferença!
Rio da Prata: Esse talvez seja o passeio mais badalado de Bonito, e é exatamente aquele que você não pode deixar de fazer! O Rio da Prata faz jus ao nome: é um rio de águas estupidamente cristalinas, o que faz o snorkeling ser uma das suas experiências mais top de vida. Depois de receber suas roupas de neoprene e máscaras de mergulho, você faz uma pequena caminhada até a parte inicial do passeio, no rio. Um guia acompanha o tempo todo, e os grupos começam a descida – que nada mais é do que flutuar e deixar a correnteza natural do rio nos levar, enquanto vemos cardumes de peixes coloridos de pertinho! No total, a flutuação leva 1h40, mas o tempo parece passar muito diferente disso.

Agende o passeio no mesmo dia em que a Lagoa Misteriosa, pois ambos ficam perto um do outro – e você ainda economiza no transporte!
Lagoa Misteriosa: Outro dos passeios queridinhos de Bonito, a Lagoa Misteriosa tem esse nome porque ela possui uma caverna aquática com uma coluna d’água que, até hoje, não se sabe sua profundidade (o último mergulhador que mergulhou mais fundo foi a 220 metros). Eu, particularmente, acho o nome “misteriosa” muito bem colocado, porque dá uma certa aura mística à lagoa – olhando de cima, ela parece uma joia azul no meio do mato!

O “tchã” da Lagoa Misteriosa é mesmo o mergulho – e quem mergulha de cilindro pode e deve aproveitar e reservar a descida até lá, já que a água é também estupidamente cristalina. Mas quem não pratica a modalidade pode fazer a flutuação, que também vale a pena. Diferente do Rio da Prata e da Nascente Azul, a Lagoa Misteriosa tem pouquíssimos peixes, e os que estão lá são pequenininhos. Porém, a transparência da água e o seu tom azulado rendem fotos lindas – especialmente se você mergulhar um pouquinho e tirar fotos de baixo para cima: parece que você (ou os peixes) estão flutuando no céu!

Fique atento a um detalhe: a Lagoa Misteriosa costuma fechar em algumas épocas do ano, especialmente no verão. Por isso, antes de agendar sua viagem, confira no site se a atração estará em funcionamento.
Nascente Azul: Também é um passeio de flutuação como o Rio da Prata, embora a duração seja menor – para quem está indo com crianças e acha que o Rio da Prata pode ser muito cansativo para elas, a Nascente Azul é uma boa opção.

Uma peculiaridade da Nascente Azul é que não há muitos peixes grandes, mas, por outro lado, a vegetação aquática é bastante viçosa, o que faz com que a vista debaixo d’água seja mais, digamos, caleidoscópica! 🙂
Boca da Onça: Prepare as canelas e os joelhos. O passeio na Boca da Onça acontece em uma fazenda de mesmo nome, e inclui uma longa caminhada, que é bonita e bem gostosa de fazer – especialmente porque inclui umas cinco paradas em diferentes cachoeiras e rios para tomar banho. Uma delícia!

Nem é preciso ter receio quanto ao nome – não há nenhum risco de você topar com alguma onça no caminho. O nome do passeio e da fazendo foi inspirado na cachoeira mais alta da região, em que uma formação rochosa tem o formato muito parecido com o de uma onça com a boca aberta. Os corajosos podem ainda dar um plus na experiência e fazer um rapel do topo da cachoeira, de onde se tem a vista de toda a fazenda e os seus rios.

O passeio dura de cinco a seis horas e pode incluir um delicioso almoço na fazenda, aqueles em que a comida é feita na panela de barro! Reserve o almoço não só porque é gostoso, mas também depois de tanto tempo passeando, a comida cai como um alento para quem já está cansado de andar pelo mato.
Projeto Jiboia: Esse programa foi uma boa surpresa, que recomendo totalmente. É daquelas iniciativas que começam com uma historinha do tipo: Henrique morava em São Paulo e era apaixonado por cobras. Apaixonado mesmo, a ponto de querer entender tudo a respeito de como as criaturas exerciam seu papel na natureza. Criava algumas, o que despertava a curiosidade de muita gente, que batia na porta dele para ver. Um dia, ele pensou em como transformar isso em negócio – e mais que um negócio, um projeto que ensinasse às pessoas que as cobras não são tão horrorosas assim como a gente pensa – muito pelo contrário.

Assim nasceu o Projeto Jiboia, e é um passeio imperdível para fazer em Bonito. Primeiro, porque ele acontece todos os dias à noite, às 19h. Nesse horário, todo mundo já voltou há tempos dos seus passeios, e que dá para encaixar perfeitamente antes do jantar. Além disso, a noite de Bonito não tem tanta coisa assim para fazer, e o preço do passeio é bem amigável. Segundo, porque a apresentação nada mais é do que uma palestra muito engraçada e interessante (juro! Nada de chatice!) sobre a experiência do Henrique com as cobras, além de ser uma enorme aula de consciência ambiental. A jiboia, aliás, é a estrela do espetáculo, e fica por toda a apresentação pendurada no pescoço dele – menos no final, quando ela é pendurada no pescoço de alguns voluntários que tem interesse em tirar foto com ela (é opcional, gente!).
Até crianças participam – e inclusive tiram fotos com a cobra! É um passeio bem interessante e educativo para os pequenos. A gente chega a sair de lá sem achar que as cobras são esses animais tão perigosos.

Aliás, se você quiser tirar foto com a cobra, chegue cedo para pegar uma “senha”, entregue a todos os participantes. Ao final da palestra, o apresentador vai chamando todo mundo pela senha, um por um, para tirar a foto – e se o seu número for um dos últimos, vai levar mais tempo até chegar a sua vez. E aí, eu imagino, já vai estar na hora de jantar, né?