Joinville: porque ela ainda é a capital da dança no Brasil
Se quem canta seus males espantes, os mais entusiastas dizem que quem dança é mais feliz. Apesar de todas as barreiras, o Brasil costuma exportar muitos bailarinos clássicos, um tipo de talento que tanto brilha nos palcos do mundo todo e pouco sabemos que um dos maiores centros de desenvolvimento desses artistas é uma cidade em Santa Catarina. Por muitas décadas, Joinville foi (e sempre será) considerada a capital da dança por aqui.
O sonho de muita gente que veste a sapatilha é um dia poder brilhar nos palcos da cidade e participar do maior festival de danças do país – ou do mundo, como dizem nos bastidores. Os números são surpreendentes e, em 2016, o Festival de Dança de Joinville terminou com um recorde de participantes e de público com mais de 230 mil pessoas passando pela cidade ao longo dos 10 dias do evento.
A 35ª edição já tem data para acontecer: entre os dias 19 e 29 de julho do ano que vem. Se você tem planos de viajar pela região, fique atento e não deixe para reservar o hotel em cima da hora. Como o festival costuma receber visitantes do Brasil todo e da América do Sul, os quartos costumam se esgotar rapidamente.
A aptidão de Joinville para germinar novos talentos da dança é tão grande que a cidade guarda, com muito orgulho, a única filial da tradicionalíssima escola de ballet clássico Bolshoi fora da Rússia. A companhia desenvolve um trabalho exemplar aqui no Brasil como campo de desenvolvimento desses jovens bailarinos e abre as portas para que eles consigam ingressar grupos de danças renomados ao redor do mundo.
Para conhecer mais desse projeto sensacional, a escola é aberta à visitação geral. A visita guiada dura menos de uma hora e conta um pouco mais sobre o projeto social e a infraestrutura do ballet aqui no Brasil. Só um detalhe: é preciso fazer uma reserva pelo email recepcao@escolabolshoi.com.br e pagar a taxa simbólica de menos de cinco reais.
Além de piruetas e sapatilhas, Joinville também guarda um outro tesouro pouquíssimo conhecido por nós: o museu arqueológico Sambaqui. Ele é um museu pequeno, mas com uma proposta interessante que explica que os sambaquis são sítios arqueológicos que apresentam vestígios culturais em meio a camadas com alta densidade de conchas e moluscos trazidos pelos homens.
Lá é possível ver de perto uma amostra d a vida, da tecnologia e até mesmo do artesanato do homem pré-histórico do Brasil, graças as peças datadas de até 3 mil anos a.c. que narram detalhes da vida no Sambaqui. Tudo isso é fruto do trabalho de muitos arqueólogos brasileiros que quase viram o museu ser fechado por falta de investimentos e apoios locais.
Outra curiosidade sobre Joinville é sua afinidade com as bicicletas. Estima-se que mais de 67 quilômetros de ciclovias cortam os principais bairros da cidade. Desse laço, nasceu o Museu da Bicicleta de Joinville, também conhecido como MUBI. Ele é o único do gênero no país, sua entrada é franca e hoje funciona dentro da Estação da Memória.
Entre um museu e outro, o passeio de barco pela Baía Babitonga até São Francisco do Sul a bordo do Barco Príncipe é um dos programões favoritos de quem passa mais tempo na região. A navegação passa pelas 14 ilhotas da baía, pela área do porto de São Francisco do Sul, onde é feita uma parada para visitação do centro histórico bem preservado e bonito.
Para terminar o roteiro, Joinville, apesar de ser uma grande cidade e com um ótimo potencial industrial-empresarial, também tem um pezinho no turismo rural. Quem viaja com crianças ou com a família pode curtir um passeio pela Estrada Bonita num programa bem gostoso.
Pela região de Pirabeiraba, perto da BR-101, as propriedades rurais oferecem produtos típicos regionais, artesanatos e aquela comida caseira com gosto de infância. Terminar o dia tomando um cafezinho colonial é uma delícia. Ali você vai notar os traços e as influências da imigração alemã no sul do país.