Incríveis motivos para visitar a Polônia
Depois de passar alguns dias em países europeus, especialmente do Norte, percebi o quanto nosso dinheiro (o real) não está valendo muita coisa. De repente, aquele restaurante que era totalmente cabível no bolso passou a ser quase pornográfico para a nossa atual realidade. Como estou rodando o mundo em festivais de música, comecei a buscar cautelosamente pelos destinos onde eles acontecem e acabei abrindo mão da Dinamarca, por exemplo, para ir para Gdynia, na Polônia, onde anualmente acontece o Open’er Festival, um dos principais festivais de música do país.
Por lá a moeda é o złoty (PLN) e 1 PLN equivale a R$ 0,88, ou seja, quase um pra um. A notícia boa é que os preços por lá são menores que os praticados no Brasil, especialmente quando comparados às grandes capitais. Um almoço simples custa em média R$ 12. Cerveja? Incríveis R$ 5 nos botecos. Taça de vinho? R$ 10. Jantar acompanhado de vinho? Vai custar em média R$ 60.
E por que a Polônia? Além de ser viável para o nosso bolso, a Polônia é um dos países que mais sofreu historicamente com guerras e agora floresce como um dos destinos mais interessantes dos próximos anos. As maiores cidades, Varsóvia e Cracóvia, que tiveram seus centros praticamente reconstruídos, fervem com a cena noturna, bares e restaurantes cheios, além de muita história. E a Breslávia (Wroclaw) foi eleita a Capital Europeia da Cultura de 2016.
Varsóvia me surpreendeu. A cidade carrega o peso de sua história nas construções comunistas que se misturam à edifícios históricos, que restaram no pós-guerra, e aos prédios modernos construídos nos últimos anos. Varsóvia é um museu a céu aberto. A cidade merece pelo menos três dias, mas desvendá-la além da famosa Cidade Velha, que foi totalmente reconstruída, não é fácil. Mas se achar o caminho correto, irá se deleitar e querer mais. Um dos melhores lugares para explorar é a região nos arredores das ruas Poznańska e Oleandrów. Por ali a cena noturna ferve com bares, cafés e restaurantes. Não deixe de experimentar o homus do descolado Beirut Hummus Bar, que conta com um grafite original do Banksy, que é amigo do dono (dizem). Eles oferecem um extenso menu de homus e uma boa carta de cervejas artesanais. Ótimo lugar para ir no fim de tarde. Endereço: Poznanska 12. Horários: aberto diariamente, das 12 às 2h.
Se você gosta de lámen, vá ao Mod, nesta mesma região. Eles tem um menu enxuto com boas opções de lámen, mas também alguns pratos contemporâneos à base de peixes, e uma ótima carta de vinho. Endereço: Oleandrów 8. Horários: das 17 à 0h.
Para esticar as boas opções são o bar Plan B, cheio de locais com cerveja barata, na Praça Wyzwolenia. Ou o Oleandrów que tem torneiras de prosecco. É pequeno, aconchegante e vive lotado. Fica na Oleandrów, 3.
Vá de manhã conhecer o Soho Factory, que fica numa antiga área industrial, do outro lado da cidade. Por lá vários galpões foram reformados e hoje abrigam agências de publicidade, design, lojas de estilistas locais, museu (não deixe de visitar o Museu do Neon), bares e restaurantes. Nós experimentamos o Warszawa Wschodnia, comandado pelo chef Mateusz Gessler, que serve uma fusão de gastronomia clássica francesa com a cozinha polonesa. Um menu degustação com 8 pratos custa menos de R$ 110 e a média dos preços dos pratos é R$ 36. O restaurante tem um belo jardim para almoços em dias ensolarados e funciona diariamente 24 horas por dia. Endereço: Mińska 25, Praga, Varsóvia
Para fim de tarde no verão, o lugar para onde os locais terminam o dia é nas margens do rio Vístula, que foi recuperada e hoje conta com um belo calçadão, que conta com ciclovia, pista de skate, bares e restaurantes pop-up. Em alguns dias há cinema a céu aberto. Fica entre as pontes Świętokrzyski e Łazienkowski.
Para entender melhor a história polonesa, visite o Museu do Levante (Warsaw Uprising Museum), que conta a história do famoso Gueto de Varsóvia e da resistência travada pelos judeus contra os nazistas. Endereço: Grzybowska 79, Varsóvia.
Já o POLIN – the History of Polish Jews, além de ter uma arquitetura de encher os olhos, conta com uma exposição multimídia sobre a comunidade judaica que se formou na Polônia ao longo de mais de mil anos até o holocausto, além de ter também exposições temporárias de arte contemporânea. O museu conta também com um bom restaurante de cozinha kosher com pratos bem servidos. Endereço: 6 Anielewicza Street, Varsóvia.
Já a Cracóvia é mais turística e cheia. A cidade é culturalmente rica com museus de arte contemporânea, arquitetura arrojada e muita coisa para ver. O melhor lugar para ficar e explorar é o bairro judeu Kazimierz, onde não faltam bares, cafés, bons restaurantes e lojas de design. Como a Varsóvia, também tem a Cidade Velha, que fica lotada de turistas (e pedintes).
Vá tomar uma cerveja no Mostowa ArtCafé, que é super charmoso, pequeno e tem um atendimento impecável, além de abrigar pequenas exposições temporárias. Endereço: Mostowa, 8, Cracóvia.
A Cracóvia tem também um calçadão às margens do rio Vístula, com diversos bares em grandes barcos e alguns pequenos restaurantes. Entre em qualquer um deles e não deixe de tomar um shot de vodka bem gelada como aperitivo.
Atravesse o rio e visite a Cricoteka, museu com todo o acervo de Tadeusz Kantor, pintor polonês e diretor de teatro. A arquitetura é de cair o queixo e as exposições bem interessantes com figurinos, bonecos e maquinários criados para suas peças, vídeos, pinturas, cartas e fotografia. Endereço: Nadwiślańska 2-4, Cracóvia.
O MOCAK é o novo Museu de Arte Contemporânea da Cracóvia, aberto em 2010. Ele tem um ótimo acervo e também boas exposições temporárias. Vimos uma bem curiosa sobre a Medicina na Arte, que ocupava todo o andar térreo do museu. Ele também conta com um ótimo café e fica ao lado da antiga Fábrica de Oskar Schindler. A região onde fica é um pouco distante do Centro, mas dá para ir de táxi ou de Uber (que são bem baratos na Polônia) e passar o dia por ali. Há alguns bons restaurantes nos arredores também. Endereço: Lipowa 4, 30-702, Cracóvia.
Se estiver com a Polônia nos planos, nos próximos dias 5, 6 e 7 de Agosto acontece o festival Off Festival, em Katowice, próximo à Cracóvia. No line-up tem LCD Soundystem, Florence and the Machine, The Kills, Kiasmos, Devendra Banhart e GusGus. E os poloneses são bem animados e ótimos companheiros em festivais.
Caso queira mesmo é curtir praia, o litoral da Polônia tem boas opções. As mais conhecidas são nos arredores de Gdynia e Gdansk. Por lá uma das melhores opções é Sopot.
Bons motivos não faltam para visitar o país. Eu já estou querendo voltar pra lá.