Comida peruana: os melhores restaurantes de Lima
Quem sonha em conhecer a capital do Peru deve estar cansado de saber que uma viagem para Lima rende muito mais do que programas históricos e culturais, e é – literalmente – um prato cheio para quem gosta de comer bem.

Na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, preparada por uma revista inglesa, o número 4 é o peruano Central, em Lima. Ele supera com folga muitos clássicos franceses e os únicos representantes brasileiros da lista, D.O.M, que está na nona posição, e Maní. Outros três restaurantes da capital peruana estão no top 50 – entre eles, o famoso Astrid y Gastón (14°), um dos mais (re)conhecidos e deliciosos do cone sur. Mas chega de listas: a abertura desse post era só para mostrar em números que Lima já se consagrou definitivamente entre os melhores destinos gastronômicos mundiais. E, por isso, se você está pensando em viajar para lá, fica o alerta: esta pode ser uma das melhores viagens gastronômicas da sua vida.
Não precisa saber muito sobre Lima antes de viajar para lá, mas pode ter certeza de que você vai comer bem como em poucos lugares do mundo
Dizer isso não é um excesso. O Peru é um país abundante, por excelência, no quesito comida, graças à sua geografia de poquitos, digamos assim. Seu território engloba um trecho generoso de Floresta Amazônica, riquíssima em frutas e temperos; há áreas de altitude, ótimas para cultivar quinoa e amaranto, e também o litoral, com todo o oceano Pacífico mandando cardumes generosos de peixes para sua costa. O resultado: com um poquito aqui e um pouquito ali, o Peru tem, sozinho, mais de quatro mil tipos de batatas, cem tipos de milho (inclusive o famoso “milhão” gigante), pimentas e temperos únicos, como o Huacatay, que só é encontrado lá…

Fora que, reza a lenda, o país recebeu a influência dos povos asiáticos que chegaram pelo Pacífico – entre eles, os japoneses, que, como sabemos, são experts no preparo de peixes crus. Sua chegada ao Peru e a mistura à cultura e às matérias-primas locais resultaram em várias experiências – e a mais característica de todas é o ceviche, prato típico que leva peixe cru (ou camarão, polvo, lagosta), lima e temperos.

Não por acaso, suspeito eu, esses restaurantes peruanos badalados e premiados mundo afora dizem que criam uma fusion cuisine, ou algo do tipo. O que encanta no Peru é isso mesmo: frutas exóticas, temperos, peixes e carnes combinados num prato só em sabores e texturas que fazem a gente morrer de amores. Por isso, fica aqui uma curiosidade: experimente perguntar a um limenho o que ele acha da gastronomia argentina, com sua tríade carne-vinho-doce de leite. É bem capaz de ele dizer (com uma ponta de razão) que falta criatividade.

Então, para te ajudar a explorar esse lado gastronômico latino, reunimos dicas sobre os melhores restaurantes de Lima, com opções mais variadas e não só restritas ao top 50 – ou seja, uma lista para inebriar o paladar sem assustar o bolso. Todas essas opções foram deliciosamente testadas por essa que voz fala, exceto uma, que é a dica-bônus desse post!

Boa leitura e bom apetite!
Os melhores restaurantes de Lima
Cala Restaurante
Endereço: Cto. de Playas – Barranco

Fica na beira da praia e, por isso mesmo, a dica é ir à noite, quando ele fica bem mais bonito – e o trânsito de ida e volta, um pouco menos complicado. O nome, com esse ar de imperativo silencioso, explica bem: é impossível continuar a conversa com opções tão ricas de frutos do mar no cardápio. Minha dica: não dispense a entrada (o ceviche de peixe e camarão que você viu no começo deste post é deles), nem a sobremesa. Há um menu de degustação com cinco sobremesas pequenas e inventivas, para evitar qualquer risco de o seu paladar ficar entediado. Mas, na hora do prato principal, vá de frutos do mar. O polvo grelhado da casa é o item mais pedido.
Malabar
Endereço: Av. Camino Real 101 – San Isidro
É considerado um dos melhores restaurantes peruanos pelos próprios locais e já recebeu nomeações equivalentes às estrelas Michelin – seguramente, está entre os melhores da América Latina. Fica no bairro de San Isidro, que é uma boa opção de passeio para quem não quiser enfrentar o trânsito até Miraflores, região mais hypada. A tal fusion cuisine funciona bem aqui, especialmente porque o chef é famoso por criar pratos com inspirações amazônicas de forma criativa. Uma das apostas do marketing da casa é promover uma “viagem” pelos sabores do Peru, com pratos feitos com ingredientes de cada uma das regiões do país. Taí um tipo de tour turístico bem diferente do se vê por aí.
Meu pitaco: eu adorei o tiradito de lá, uma espécie de ceviche “arrumadinho”. Mas vale avisar: os valores do Malabar não são baratos. Porém, se você considerar a média de preço de um restaurante top em cidades como Rio e São Paulo, arrisco dizer que o custo-benefício deste tour pela gastronomia peruana é bem interessante.
Huaca Pucllana
Endereço: General Borgoño Cdra. 8, Huaca Pucllana – Miraflores

Um ótimo restaurante que, de quebra, dá para combinar com um passeio: o Huaca Pucllana fica ao lado da atração de mesmo nome, um sítio arqueológico construído por um dos primeiros povos pré-colombianos a morarem na região. A visita ao sítio é interessante e bacana de se fazer no seu primeiro dia em Lima, já que contextualiza bastante as informações sobre o patrimônio arqueológico riquíssimo da cidade. Porém, assim que a visita acabar, vá conferir o restaurante adjacente. Além da vista para as ruínas, o lugar tem uma decoração tem aconchegante e bonita – além de ótimos pratos, claro!
Eu sou suspeita: em quase todos os lugares onde comi, escolhi peixes e frutos do mar, porque realmente a forma como eles os preparam é bem especial. Mas posso dar uma dica do que mais gostei em Lima? Deixe espaço para a sobremesa e, quando for escolher a sua, peça a que tiver entre seus ingredientes a lúcuma, uma fruta típica do Peru – por isso mesmo, é difícil explicar o seu sabor. Porém, ela é aparentemente versátil, já que foi fácil encontrá-la em sorvetes, mousses, doces e combinada com chocolates e outras frutas em sobremesas de se comer com os olhos. Fica a dica.

Café do Museo Larco
Av. Simón Bolivar 1515, Pueblo Libre

O Museo Larco é um dos melhores que eu já visitei; conta com um acervo arqueológico que não deixa nada a desejar em relação aos grandes museus do Egito Antigo ou México, por exemplo. Então, fica a dica do passeio e do restaurante, já que o café fica lá dentro e faz todo o sentido, portanto, visitar um primeiro para ir ao outro depois.
Faço aqui uma ressalva: de todos os restaurantes que eu mencionei, o café do Museo Larco é o que menos impressiona em termos de gastronomia e paladar. Porém, ele vale a visita mesmo assim por um motivo muito especial: o restaurante fica na parte externa do museu, ao lado do jardim – e é um dos mais belos jardins que um museu pode ter.
Parece piegas, né? Eu reconheço – não dá para explicar muito o quanto o jardim do museu é lindo, e o quanto comer ali é uma experiência diferente e super válida. Mas, se você confiar em mais uma dica minha, vá ao museu à noite (ele fica aberto até as 22h). Aproveite o passeio e, se der, peça um tour guiado, que compensa o investimento e simplesmente transforma a sua visita. Termine com chave de ouro jantando no jardim, com a iluminação noturna. Aí você vai entender do que eu estou falando.

Para se ter uma ideia: o museu fechou o jardim para a celebração de festas, algo que era super requisitado por lá. Só quem pôde celebrar seu casamento ali foi a filha do ex-presidente peruano Alberto Fujimori.
Mas, quando eu digo que a comida não foi o que mais me impressionou, não digo que o café é ruim – pelo contrário. Aposte nos langostinos de entrada e o ravioli de ají de gallina. Ah, aproveite para experimentar a Chicha Morada, um refresco feito de um milho roxo, típico de lá, servido gelado.
Em setembro: Festival Gastronômico Mistura
E, por fim, uma dica especial para quem está indo a Lima ainda nesta semana: de 4 a 13 de setembro, acontece o Festival Gastronômico Mistura. A feira, que é organizada pela Sociedade Peruana de Gastronomia (organização fundada por Gastón Acurio, o tal famoso top chef peruano), tem como proposta apresentar os diferentes tipos de alimentos, ingredientes, sabores, cheiros e temperos do país, num lugar só.
O evento é anual e organizado com muito carinho. São mais de 200 produtores participantes, que oferecem carnes na brasa, bebidas, food trucks, peixes, itens regionais e criações que vão de pratos tradicionais à mais alta gastronomia. A entrada é paga, mas dá aos visitantes a chance de comer diferentes tipos de alimentos, todos frescos e preparados na hora, além de conferir apresentações culturais – há ainda a premiação de jovens talentos de cozinha.
O evento já é considerado a mais importante feira gastronômica da América Latina e sempre costuma trazer convidados: já vieram chefs como Alain Ducasse e Joan Roca. É, seguramente, a melhor atração do país para quem viaja ao Peru em setembro – não dá para perder essa boquinha, né? Aliás, se ficou com água na boca, vale dar uma olhada nas promoções de viagem de última hora da Expedia. Vai que tem lá uma passagem para Lima que vai te levar direto para comer essas delícias?