36 horas em Mykonos
A mais conhecida, e mais cheia, de todas as ilhas é também a meca da badalação do verão grego. Não poderia ser diferente. Míconos (ou Mykonos) reúne praias maravilhosas, hotéis luxuosos, restaurantes incríveis e muitos clubes para quem quer se jogar. Mas assim como Ibiza, tem espaço para todo mundo. A ilha acaba reunindo jet-setters, mochileiros, nudistas, famílias, idosos, gays e muitos, muitos europeus atrás do look tijolo. Mas ao contrário de Santorini, Míconos gira em torno da praia 24h por dia. São mais de 20 praias principais, fora as muitas pequenas que só se chega por trilha, cada uma com características próprias, mas todas com areia dourada e mar turquesa. Claro que não dá para visitar tudo, então vou falar das mais famosas, e as que mais gostamos.

Hospedagem: Logo de cara, saindo do porto, o que se vê é a única cidade da ilha, que se chama, óbvio, Mykonos Town, ou Chora. Ali fica uma grande concentração de casinhas brancas tradicionais encavaladas em ruas labirínticas, e ali você encontra um monte de pequenos hotéis, dos mais simples aos mais luxuosos. Isso ainda no meio do buxixo de restaurantes, bares, lojas, etc. De lá também saem os ônibus que partem para as praias, e os taxis, bem difíceis de encontrar (apesar que alugar um transporte em Míconos é quase obrigatório). Quem quer luxo, e não tem problema em por a mão no bolso, pode procurar o Andronikos, que fica bem no meio da cidade antiga e é desbundante.
Bem perto, mas já em outras praias, vilarejos menores mas ainda agitados também são boas opções por ficarem bem perto do centro. Ao norte fica Agios Stefanos, e ao sul Ornos Bay. A vantagem deles é que você consegue chegar ao centro só com uma caminhada, já que os estacionamentos lá ficam bem cheios. Mas se quiser reclusão e conforto, você encontra resorts maiores e mais bem equipados em praias mais afastadas, como Paradise e Elia.

Comes e Bebes: Escolher onde comer em Míconos não é tão fácil por conta da quantidade de opções. No centro tem praças inteiras tomadas por restaurantes, todos charmosos e com mesas na calçada. O feeling ali conta muito, mas fique de olho nos preços. Como tudo na ilha, existe um turismo exclusivo para gente bem abonada, e se não quiser estourar o cartão de crédito tem que ficar de olho onde está se metendo.
O bom é que a cidade é feita também para os notívagos e tudo fecha bem tarde se comparado com o resto da Europa. No mais, o melhor é mesmo se perder pelas ruinhas e se lançar ao acaso. Foi nessas andanças que acabamos conhecendo o Amades e o Maereio. Os dois servem comida grega caseira, bem praparada, saborosa e barata. Chamou atenção também o atendimento super simpático (que é bem comum por lá). Investindo um pouco mais para uma refeição bacanuda, o Mamalouka é uma ótima pedida, principalmente se conseguir uma mesa no jardim. E se quiser uma experiência high-end, reserve uma mesa no Interni, que é lindo demais, mas vive lotadíssimo. Também muito recomendados estão o m-Eating e o Niko’s Taverna.

Ainda no centro, um programa inevitável é sentar para tomar ótimos drinks e ficar vendo o povo bronzeado passando. Nosso canto favorito foi a rua Enoplon Dinameon, que tem vários bares desses. No mesmo quarteirão ficam o Cosi, o Paso Doble e o Aroma. Mas o bar que elegemos como nosso fica um pouco mais adiante. O Queen é mínimo, mas fica em um largo onde eles distribuem mesinhas fora que enchem de gente linda, ouvindo um house incrível, e tomando os drinks inventados na hora com maestria pelos barmen. Muitos restaurantes e bares famosos por ali ficam de frente para o mar, no que eles chamam de Little Venice. É o caso do Caprice, o Semeli e o Scarpa, mas nós não chegamos a experimentar.
Fora do centro, você vai achar vários lugares para comer espalhados pelas praias, geralmente perto, ou mesmo dentro, dos beach clubs. Me falaram bem do Spilia, que fica perto de Kalafati. Mas uma recomendação que é quase uma ordem é ir ao Kiki’s Taverna. Ao lado da isolada Agios Sostis, esse restaurante super simples não é nada mais que um terraço com uma vista incrível, uma churrasqueira que prepara o melhor polvo que já comi, e um dono malucão que faz os clientes cuidarem da espera enquanto tomam vinho de caixa de graça. Único e imperdível.

Balada: Míconos é a Ibiza do Egeu, então não poderia faltar muita balada por lá. Como nós fomos em outra vibe, pulamos a jogação dessa vez. Os clubes mais famosos, que recebem os DJs mais conhecidos do mundo todo ficam nas praias do sul, principalmente Paradise e Super Paradise. É o caso do Paradise Club e o Cavo Paradiso. Se não quiser se arriscar dirigindo até lá à noite (e ainda ficar sem beber), alguns bares e clubes no centro oferecem uma pistinha animada para sacudir um pouco o esqueleto. Lá tem o Scandinavian, o Güzel e o Moni. Os gays se juntam no Jackie O, que tem filial em Paradise.
Praias: Como já foi dito, são muitas praias, todas diferentes. Mas uma coisa que se pode dizer sobre todas é que elas se dividem entre as que tem beach clubs e as que não tem nada. Os beach clubs nada mais são do que bares/restaurantes, geralmente grande e abertos, que montam muitas fileiras de espreguiçadeiras e guarda-sóis de palha na areia. Você sente onde quiser – se não estiver lotado – e passa o dia lá tomando sol, nadando, bebericando e comendo. É uma delícia, mas você tem que achar o clube que tem a sua cara. E preste atenção que quase todas elas tem um canto onde as pessoas ficam como vieram ao mundo, sem pudor e sem aviso.

Psarou e Platys Gialos – Estão entre as mais famosas, as mais frequentadas pelos gregos, e também entre as mais caras. São cheias de hotéis e prédios de apartamentos, e é onde os ricaços se encontram.
Paradise e Super Paradise – São as praias da balada. Além dos clubes noturnos, os beach clubs dão festas durante o dia que ficam lotadas. Boa para os solteiros à procura.
Elia – É uma das praias mais longas da ilha, e é praticamente cercada por grandes hotéis. Tem muitos beach clubs, mais tranquilos, mas no geral achamos a praia bem boring. Também é uma das mais procuradas pelos gays.
Panormos – Ao norte do centro, é uma praia mais tranquila, com dois beach clubs bacanas, mas do tipo mais relaxado, sem música bombando e com preços decentes.
Agios Sostis – Logo depois de Panormos, essa pequena gema selvagem é ideal para quem não se importa de não ter infraestrutura. Ali o esquema é mais Brasil, cada um com a sua canga e sacola com mantimentos. Ah, e tem o Kiki’s ao lado, que já mencionei.

Ftelia – Praia de areia um pouco mais avermelhada e fina, que nem é tão bonita. Mas é bem tranquila e atrai os praticantes de windsurf.
Lia – No extremo oeste, oposto ao centro, é a praia mais distante e mais linda da ilha. Tem um único beach club, pequeno e sossegado, no canto, e o resto da praia é só areia e algumas casinhas de pescador. Minha favorita.
Outras Atividades: Quem for passar 2 ou 3 dias em Míconos, só vai ter tempo mesmo para as praias. Mas se for esticar a temporada e cansar de torrar na areia, dá para fazer alguns passeios para entreter mais a cabeça, porque não fazer nada também cansa.
Compras – O centro histórico é ótimo para passar o tempo comprando aquelas bugigangas para dar de presente como os famosos olhos gregos, ou as típicas sandálias de couro. Essas lojinhas dividem espaço com lojas de grife carérrimas do mundo todo, mas não tenha medo de entrar, perguntar preço e pechinchar.
Desbravar o centro – Mais do que bares, restaurantes e lojas, o centro também guarda muita história. Em frente ao porto antigo fica a igreja mais importante da ilha, a Panagia Paraportiani, construída pelos bizantinos no século XV. Ali do lado também ficam os famosos moinhos, usados desde o século XVI na fabricação de farinha, e com uma vista privilegiada da baía. O centro ainda conta com museus arqueológicos e galerias de arte bem interessantes, como a fantástica Rarity. E ainda, que tal pegar um cineminha, mas a céu aberto, com bons drinks para acompanhar? Isso é possível no Cine Manto.
Delos – Por último, uma day trip que vale cada centavo é a visita à ilha vizinha, e desabitada, de Delos. Essa ilhota é um dos mais importantes sítios de Patrimônio Cultural da UNESCO, com ruínas que datam de 900 a.C. A viagem de barco até lá demora meia hora, e tem três saídas de manhã do centro, e três voltas à tarde. Também tem saídas de Platys Gialos e Paranga. A viagem custa 17 euros, mais 5 euros de entrada na ilha.
*Esse post teve participação do Renato Salles, editor do Chicken or Pasta